Zero Corpse: Saihate Station

"E no final, você vai me escolher, não é?"

Olá Corpses.

Como foi o pós-carnaval de vocês? Espero que tenham se divertido, afinal, agora definitivamente o ano começa - um pouco mais tarde que o habitual, convenhamos - e vamos ver que tipo de novidades 2025 nos espera.

Falando em novidade, o nosso jogo de hoje entrou na steam não tem muito tempo. E o melhor de tudo: com tradução para PT-BR feito pelo Tea Party! Falo de Saihate Station.

Saihate Station (Estação fim de tudo), é um jogo gratuito feito por Viv no RPG Maker MZ, lançado em 7 de março de 2025. Tem a duração média de umas quatro/cinco horas, e está disponível em diversos idiomas, incluindo PT-BR graças ao trabalho de Maya Ooue e Johnzz.

Sinopse

Haru Akinashi é um assalariado que se sente inútil em tudo o que faz.

Ao acordar, ele percebe que está preso em um lugar estranho chamado

"Estação Saihate", onde começam a acontecer fenômenos sobrenaturais.

Por coincidência, ele encontra Shion Tatsunami,

um colega de trabalho otimista, o completo oposto dele.

Unidos pela vontade de sobreviver, os dois

trabalham juntos para escapar desse pesadelo.

Análise

Logo de começo, somos jogados a uma estética única e sem uso de pixel art, ao invés disso fazendo uso de uma arte sem line até fofa. Porém, confie em mim quando eu digo que Viv sabe usar seu traço a favor de criar um clima obscuro. Isso funciona muito bem com a parte de enredo: conforme ambos desvendam mais sobre a estação e o próprio trem, o passado de cada um vai sendo descoberto. E você descobre que a relação deles vai muito além de um novato e veterano de trabalho.

Até porque, para você ter o final verdadeiro, você precisa aprofundar o laço dos dois. O jogo é até gentil de te avisar em um dos finais o que você podia ter feito de diferente. Claro, não tão preciso como em Undertale, mas serve para te ajudar a resolver as coisas sem um guia.

Mas, ironicamente, acho que é um pouco improvável você conseguir o final verdadeiro de primeira. Isso por depender de coisas específicas que não passam na cabeça do jogador. O que, tecnicamente, é uma falha do jogo: Saihate consegue ser bem intuitivo e simples de resolver os quebra-cabeças que dispõe, mas na hora da divisão de rota, a diferença entre o final verdadeiro e os alternativos dependem de coisas que não tão intuitivas.

Outra coisa que eu achei que podia ser melhor trabalhado são os diálogos de Shion. Conforme você vai conversando, ele deixa escapar coisas que na primeira ou segunda até te deixa de sobrancelha erguida ou acha engraçadinho, mas vai se repetindo e só se torna cansativo esse reforço de estereótipo. Talvez se o protagonista, Haru, não chamasse tanto a atenção para as incoerências da fala de Shion, ficasse menos maçante. Isso meio que diminui a surpresa do clímax. Tem coisas para se surpreender, sim, mas meio que você intui muita coisa naturalmente só na base do diálogo extra.

Isso não torna o enredo de Saihate ruim. Haru é um personagem interessante, seu conflito de estar justo com uma pessoa que admira e teme no trabalho é desenvolvido de forma satisfatória, e como a narrativa gira em torno dele se lembrar de algumas coisas que antecedem a estação Saihate e se vulnerabilizar na presença de Shion, cria uma história que é curta, mas atrativa. A melhora de diálogos é mais uma reflexão de como deixar Shion menos superficial (pode ser proposital para deixar a exploração dele mais tarde, mas ainda fica aquela ressalva).

Mas em resumo, é um jogo competente no que quer passar, embora não tenha ganhos espetaculares e que amarra todos os pontos possíveis... E os que ficaram para trás parece que serão eventualmente respondidos na DLC em desenvolvimento.

Então, se você tinha dúvida se valeria a pena ou não jogar, eu recomendo. Afinal, não é uma experiência frustrante e tem grandes chances dos personagens te cativarem.

Conclusão

Saihate Station pode ter alguns problemas de diálogos aqui e ali, mas no geral, ele sabe ser direto ao ponto e junto de sua arte original, fazer uma experiência que sustenta perfeitamente suas horas de jogatina. Não sendo impactante, mas mostrando o que precisava mostrar dos dois para gerar interesse, ainda deixando coisas para explorar em outros jogos caso você tenha alguma curiosidade ou apego.